Crateras gigantes ameaçam casas, escola e até hospital em Goiás
Moradores de Novo Gama, Luziânia e Planaltina convivem com problema.
Defesa Civil notificou 50 famílias e outras16 já deixaram suas casas.
O avanço de crateras ameaça moradores e tem causado transtornos em várias cidades goianas do Entorno do Distrito Federal. Em Planaltina de Goiás, um buraco que já possui dois quilômetros de extensão desabrigou dez famílias e está prestes a atingir um hospital. Em Novo Gama, a cratera engoliu uma avenida e dividiu um bairro, enquanto outra coloca alunos de uma escola pública em risco. Em Luziânia, uma erosão derrubou parte de uma casa, e os motoristas temem que uma estrada seja interditada.
Em 2012, o município investiu R$ 1 milhão na construção de uma galeria pluvial. Com isso, parte da erosão parou de avançar. No entanto, a obra não foi concluída para conter totalmente a expansão. “O que a gente vai correr atrás agora, numa parceria com o governo federal, é buscar os 40, 50 milhões para resolver toda a erosão”, explica o engenheiro da Secretaria de Obras dePlanaltina de Goiás, Fabrício Rodrigues.
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Uma das pessoas que tiveram de deixar suas casas por causa do risco de desabamento é a autônoma Maria Lúcia Gomes. Ela espera que o problema seja resolvido em breve e sonha em voltar para o imóvel. “Eu quero que arrume pra eu ficar no meu lugar, eu conheço aqui todo mundo e se eu for pra outro lugar eu acho que não vai da certo pra mim, é aqui que eu vivo, desde criança eu moro aqui”, conta Maria.
Outras 50 famílias que moram às margens de erosões devem ter de abandonar os imóveis em Novo Gama, Luziânia e Planaltina de Goiás. Segundo a Defesa Civil, eles já foram notificados do problema.
Para o geólogo Rogério Agoda, o crescimento desordenado e a falta de infraestrutura das cidades são os principais fatores responsáveis pelo surgimento das erosões. “Esse crescimento costuma contribuir com a quantidade de água pluvial porque a gente não tem aqui realmente um saneamento básico de concentração dessas água de forma regular. Além dessa água pluvial, a gente tem a rede de esgoto e o aumento cada vez maior dessa quantidade de água”, opina o especialista.
Famílias deixaram suas casas devido ao risco de
desabamento(Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Novo Gama
Em Novo Gama, a cratera engoliu uma avenida e dividiu um bairro. O buraco possui 55 metros de extensão e, em alguns pontos, chega a 30 metros de profundidade.
Mesmo sabendo do risco de morar às margens do local, o aposentado Francisco Pereira diz que não vai se mudar, pois mora há mais de 30 anos no imóvel. “Por que eu vou sair da minha casa para ir morar de aluguel? Sou deficiente, a mulher é deficiente, minha filha saiu do emprego para cuidar de nós e nós somos dependentes. Para onde é que eu vou? Onde eu vou achar o aluguel de uma casa desse tamanho, de cinco quartos?”, afirma.
Uma cratera no Setor Lago Azul também preocupa moradores de Novo Gama. A população convive com o problema há cerca de 20 anos. Seis famílias já foram desabrigadas.
Com o período chuvoso, o buraco avança a cada temporal e já ameaça uma escola da rede pública. Para assistir às aula, crianças e adolescentes se arriscam caminhando ao lado do buraco. “Tem que passar correndo risco. O muro do colégio já está rachado, daqui uns dias não tem como ele passar mais, está difícil”, reclama a dona de casa Hilda Guerreiro.
Equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Obras de Novo Gama vistoriaram o local e concluíram que as galerias pluviais não estão suportando o volume de água da chuva. “Aqui na verdade é uma região antiga, que foi feito um aterro e o aterro foi sendo solapado, solapado até que chegou nessa situação, o volume de solo que está sendo solapado é muito grande. A cada chuva a gente vê um avanço de três a cinco metros”, afirma o engenheiro Danilo Leão.
Motociclista teme cair em buraco que já atingiu rua
(Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Luziânia
Em Luziânia, uma erosão já provocou o desmoronamento de um cômodo e do muro de uma casa. “Tristeza né, é muita tristeza, aqui era muito arrumadinho, limpinho”, diz emocionada a dona do imóvel, Enilva da Costa.
Uma estrada também está ameaçada em outro ponto do município. Motoristas afirmam que é perigoso transitar no local, até porque o buraco não está sinalizado. “Perigoso demais isso aí, a gente vem de noite não enxerga isso, cai aí dentro e morre. Muito perigoso isso aí”, reclama o motociclista Romário Santos.
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